sábado, 19 de novembro de 2011

Para ti M...

Para ti, que não podes ler, porque não sabes e ganharás alguns anos até poderes aprender. Situação complexa, incomum, não convidada e muito inconveniente. Uma prova de vida para quem te acompanha, a tua família. 

A dor, incómodo, sofrimento intenso muito presente apesar dos analgésicos. Penoso assistir, ainda mais penoso a perspectiva do crescimento ser acompanhado por estas "chagas", da visão de um evoluir com crescente consciencialização da própria condição e do sofrimento que ela oferece. Uma verdadeira cruz no presente e potencialmente maior no futuro. 

O curso da evolução é incerta, resta esperar o melhor, que o problema esteja minimizado, que daqui a uns anos tenha sido só um mau começo, umas recordações distantes a preto e branco quase esquecidas. No limbo da incerteza entre o abismo de tormentas e a luz da normalidade tranquila emerge a vontade, a força e a esperança de quem te acompanha para te ver sólida, forte e a melhor equilibrista nessa corda de indefinição. 

"Em todas as lágrimas há uma esperança." 
Simone de Beauvoir 

sábado, 12 de novembro de 2011

Contrariedades

Existe sempre uma ou algumas ideias, pensamentos, planos, situações complexas ou simples, quotidianas que merecem ser o foco da nossa atenção. São aquelas pequenas coisas boas ou más que pensamos várias vezes ao dia, na expectativa de resolução ou apenas cheguem rapidamente, que corram bem.

Cria alguma preocupação, solidariedade, empatia, ver pessoas que conheço que se confrontam com problemas sérios. Imagino e tento compreender como deve ser difícil esse caminho. Naturalmente (e ainda bem como sistema de defesa) é impossível interiorizar a dimensão do temor, receio, sofrimento e expectativas,  provocados por certas contrariedades que a  vida teima em apresentar. Como deve ser penoso ter que percorrer alguns trilhos sinuosos, assim como, para que é próximo a essas pessoas, além de vivenciarem essa expiação, têm de  reunir forças para dar apoio, depois de descobrirem como o fazer. 

Contrariedades quotidianas frequentes como o dia e a noite, pequenas adversidades, necessárias à construção da vida. São as grandes contrariedades, situações limite, existenciais, complexas que não estão descritas, nem estipuladas como as resolver ou que resultado e consequências irão acarretar, que colocam as pessoas numa luta gigante e que não pediram. Confrontam-nos de maneira desigual, por vezes brutal, trazendo ideias, perspectivas e sentimentos movediços, colocando cada um à prova da maneira mais bárbara. Uma prova que todos queremos que nunca exista, para a qual ninguém foi preparado.

"A adversidade põe à prova os espíritos."
William Shakespeare

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

É complexo o ser humano, sabemos disso há muito, e até pela nossa própria convivência connosco. É inevitável socializar e interagir. A avalancha de relações e contactos humanos ao longo da vida, produz uma multiplicidade variada de resultados. 

De algum modo, há medida que vamos comunicando, conhecendo, criando amizade e em alguns  casos, raízes, estabelecemos um conceito mental de determinada pessoa, da sua maneira de pensar, sentir e agir. É uma maneira de organização para os contactos sociais, para saber como se posicionar, estar e interagir com determinada pessoa num certo contexto, apresentando boa fiabilidade. 

Porém, com alguma frequência "comportamentos desviantes dos padronizados" ocorrem, causando surpresa. Talvez, porque as pessoas foram indevidamente avaliadas e etiquetadas nos enquadramentos mentais, ou, com maior grau de certeza, a explicação reside na natureza humana: imprevisível e capaz de tudo. Capaz de coisas boas, altruístas, enormes e incríveis. Paradoxalmente, hábil, também, para cometer as mais penosas atrocidades, injustiças e sofrimentos. Nestas surpresas o pendor tende mais para as desagradáveis. 

Em grupo, em especial  em contexto laboral, há virtudes e qualidades perversas que emergem à tona do quotidiano. Não são precisas muitas pessoas com esses defeitos, que na verdade são mesmo qualidades (perversas), já que atingem um nível de maldade muito intenso, para transtornar e dificultar o desempenho dos outros. Esses elementos talentosos e perigosos, habitualmente planeiam e atacam em grupo, dirigindo a sua acção para outros grupos "rivais" ou para elementos em particular, que a maioria das vezes não merece a "agressão" gentilmente oferecida. É complexo o ser humano. 


"Mil dias não bastam para aprender o bem; mas para aprender o mal, uma hora é demais.
Confúcio